Embora seja a jurisdição com o maior produto interno bruto (PIB) per capita da Argentina, existem diferenças de natureza histórica nos níveis socioeconômicos e nas condições socioambientais entre o norte e o sul da cidade de Buenos Aires. Os efeitos das mudanças climáticas estão interligados com os da globalização econômica, em um processo de “dupla exposição” que afeta desproporcionalmente certos grupos sociais e áreas da cidade.
As favelas e assentamentos informais em Buenos Aires estão crescendo. A maioria enfrenta déficits significativos de recursos e infraestrutura, bem como alto risco de inundação e, portanto, são altamente vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Os processos de integração sociourbana em curso em assentamentos informais representam oportunidades para repensar e territorializar a ação climática a partir de uma perspectiva integrada de habitat.
Desde o início dos anos 2000, Buenos Aires vem construindo um histórico robusto de política climática, incluindo uma lei de mudança climática e três Planos de Ação Climática (PACs). A cidade também há tempos abriga movimentos sociais, com um recente ressurgimento do tema “direito à cidade”. Isso fornece um terreno fértil para que narrativas de justiça climática e ações climáticas transformadoras se enraízem.
As transformações para a sustentabilidade em Buenos Aires também podem ser possibilitadas através de uma articulação multinível e intersetorial de políticas públicas, pelo fortalecimento dos esforços de capacitação que já existem para determinados atores locais com o objetivo de aumentar a conscientização sobre o clima, pela conexão e ampliação de iniciativas emergentes lideradas pela comunidade que demonstrem ações climáticas transformadoras, e pela reestruturação de fluxos financeiros como forma de estimular o financiamento climático.
Enfrentar as mudanças climáticas em Buenos Aires requer abordagens integradas de adaptação e mitigação que coloquem os mais vulneráveis no centro do processo.